segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Escritor gaúcho Moacyr Scliar é enterrado em Porto Alegre





Foi enterrado nesta segunda-feira (28) em Porto Alegre o escritor gaúcho Moacyr Scliar, 73. O corpo do escritor foi sepultado às 11h da manhã no cemitério do Centro Israelita, na capital gaúcha. A cerimônia foi fechada a parentes e amigos e durou pouco menos de uma hora. Também nesta segunda, a Academia Brasileira de Letras decretou luto oficial por três dias pela morte do escritor.
Scliar faleceu na madrugada de domingo (27) no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, vítima de uma falência múltipla de órgãos devido às consequências de um acidente vascular cerebral (AVC). Ele sofreu o AVC em 17 janeiro, quando se recuperava de uma cirurgia no intestino. O velório ocorreu no próprio domingo, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.


Biografia de Moacyr Scliar

Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 23 de março de 1937. Filho dos imigrantes judeus José e Sara Scliar, oriundos da Bessarábia (Rússia), Scliar cresceu no bairro Bonfim, tradicional reduto judeu na capital gaúcha. Foi alfabetizado pela mãe, que lhe deu o nome de Moacyr após ler o romance Iracema, de José de Alencar. No final da década de 40, transferiu-se para um colégio católico, onde fez o curso ginasial.

Em 1962, publicou seu primeiro livro, Histórias de um Médico em Formação, um apanhado de contos sobre sua vida de estudante de medicina. Formou-se médico no mesmo ano. Em 1963, começou a trabalhar como médico fazendo parte do Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU) de Porto Alegre. Casou-se, em 1965, com Judith Vivien Olivien, com quem teve um filho, Robertto. O livro de contos O Canavial das Animais, sua segunda publicação, é de 1968. Aliás, Scliar considerava essa obra sua verdadeira estreia no mundo da literatura. Autor de mais de 70 livros e eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2003, Scliar recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, sendo o último, o Jabuti, por Manual da Paixão Solitária, em 2009. Seus livros estão traduzidos em 12 idiomas. Entre suas obras mais importantes estão O Exército de um Homem Só (1973), O Ciclo das Águas (1975), O Centauro no Jardim (1980) e A Estranha Nação de Rafael Mendes (1983). Suas obras trazem temas como a realidade social da classe média brasileira, a medicina e o judaísmo, muitas vezes com um flerte com um imaginário fantástico. Além dos livros, Scliar foi colaborador dos jornais Zero Hora e Folha de São Paulo. Teve textos adaptados para a televisão, teatro e cinema. Foi professor visitante da Brown University (Departament of Portuguese and Brazilian Studies) e da Universidade do Texas. Em outubro do ano passado, com a eleição de Dilma Rousseff, Scliar escreveu, a pedido de ÉPOCA, qual seria o desafio da nova presidenta: "O desafio do próximo presidente será transformar o Brasil num país leitor. Isto compreende: 1) completar a erradicação do analfabetismo, inclusive o chamado "analfabetismo funcional", pelo qual a pessoa, mesmo alfabetizada, não consegue ler e compreender um texto; 2) colocar o texto ao alcance da população, seja sob a forma de livros impressos seja sob a forma de livros eletrônicos; 3) reforçar o papel da escola na formação e motivação de leitores; 4) implementar o conceito de "famílias leitoras", da Unesco, através do qual os pais estimulam os filhos a ler."

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